Cemitério à beira-mar
Homem liberto, hás de estar sempre aos pés do mar!
Charles Baudelaire
***
Orla banhada pelo inquieto oceano,
mortifica-nos as vigas aterradas,
sem espaço p'ra um temor diáfano,
nas sepulturas tão bem escondidas.
E lá se vê; imagens estendidas,
os terços e as epígrafes, entorno...
mal sente as rezas, vozes esquecidas,
lá sepultadas, queixas de transtorno.
São, findas almas, pela alva escuma,
segregando segredos, d'agra morte,
e não se sonda-os, pois algo se abruma...
Ao fascinado filho de mais um século,
fitar lhe resta d'um duro combate,
travado pelo aflito pai em seu túmulo.
***
São Paulo,
30 de maio de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).