A canção d'Outono
Nos cinamomos d'ambárico outono,
Já s'envergou o amarelo d'ardência
Derek Castro
***
Tu não sabes da queda d'uma folha
como o coração sente u'a tristeza.
Sulcou n'alma que só assim desfolha
doce n'Outono, minha maior pureza.
E como o tênue toque me farfalha,
vacilo ao passar, passa a vagareza...
N'Outono, vai-me o gosto da trebolha,
e volteia em meu olhar tua rareza.
Tu não sabes que vens n'uma colheita
fortes dores sofríveis, que m'espreita,
a alma sente doída u'a gavela;
E a morte me parece ser tão bela
n'Outono, dores, flores, m'assemelha...
Tu não sabes da queda d'uma folha?
***
São Paulo,
4 de junho de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).