Amo sua sinuosa brancura
E então, como sempre, tu irás me trair.
Heine
***
Cada vez mais eu amo tua brancura;
lábios que me respondem com carícias,
olhos desvendadores de delícias!
E madeixas em sua rica negrura...
És a mulher, a única procura,
e entre tantos lugares, e renúncias,
achei-me em ti no enigma e me entendias;
como a um irmão, senti tua ternura.
Em mim, achaste tu um novo homem,
igualmente ganhamos nosso amém!
E assim íamos, fartos, de paixão.
E, por um certo tempo, assim será,
porém passado 'sto, tal fim virá;
sei qu'eu sentirei o gosto da traição!
***
São Paulo,
10 de junho de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).