Círios febris
Deixam no céu uma outra luz mortuária
Cruz e Souza
***
Tenho inda em vida, horrendo em alta febre,
uma visão — presságio insofrido. —
Doí-me o coração tão comprimido
por ser esta a chegada tua fúnebre.
Perfila das visões, teu vislumbre,
magoante, vagueia sem um sentido.
Fere-me na razão de ser regélido;
— sino febril que plange e que assim dobre! —
Hirto, o leito repousa finalmente,
meu corpo que traz lívidos tormentos,
crepitando dois círios lentamente...
Então a Morte vem tão de mansinho,
e eu digo de meus célicos lamentos:
— crepite-me também neste alvarinho.
***
São Paulo,
26 de Junho de 2012.
* Versos decassílabos no ritmo Heroico (6ª e 10ª).