DOR BOA
DOR BOA
Meus mais pungentes versos são aqueles
Que fiz da distância entre mim e ti.
Reconhece-te, pois, no que escrevi,
Se porventura houver verdade n’eles:
Medindo cada sílaba, que os eles
E erres de nobre acento que escolhi
Contem da dor que sinto e que senti,
Onde tu, desabrida, te reveles.
Mas essa dor, tornada após poesia,
Talvez possa me dar mais alegria
Ou me fazer ao menos menos triste
Assim seja!... Descrevo-a com ternura.
Como um clarão na noite mais escura,
Seja uma dor boa esta, se é que existe...
Belo Horizonte - 29 09 2007