UM PASSEIO NO PASSADO
À minha ausência em tu'alma ainda vive,
Por mais que acesa e amarga a desventura,
Quando a saudade apertar, dói criatura,
Vai corroer, o que n'alma eu não contive!
Fez-se jus, tudo isso a tua brandura,
Que em meu peito ainda hoje sobrevive.
Quando outrora bem perto lá estive,
Sem horrenda ou tristeza, só ternura!
Espectro de luz que no escuro havido,
E, que escondido ali foi iluminado:
Que do passado há muito já esquecido!
Se exaurido, por que ser relembrado,
Oh Clarice! Em meu sonho já banido,
Extrovertido, entre o dano e danado!