(a)colhida

resta agora uma flor! onde antes, clã!

palavras ásperas na boca urdida

em vocábulos doutos, carcomidas

pela traça do não-saber-afã!

ouvidos cegos pensam notas vãs

nos alfarrábios atros e, atrevida,

uma petiz sagaz e comovida

saúda, do tempo, suas tenras cãs.

despeja-se na fimbria mais um dia,

encerra-se nos olhos poesia,

pra ser colhida com inspiração...

e um vate, na labuta do seu verso,

transforma o unívoco-uno em diversos

significados, quase sempre em vão.

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 10/08/2016
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