(a)colhida
resta agora uma flor! onde antes, clã!
palavras ásperas na boca urdida
em vocábulos doutos, carcomidas
pela traça do não-saber-afã!
ouvidos cegos pensam notas vãs
nos alfarrábios atros e, atrevida,
uma petiz sagaz e comovida
saúda, do tempo, suas tenras cãs.
despeja-se na fimbria mais um dia,
encerra-se nos olhos poesia,
pra ser colhida com inspiração...
e um vate, na labuta do seu verso,
transforma o unívoco-uno em diversos
significados, quase sempre em vão.