O CÔA AMIGO

Junto às margens do Côa me assentei

À sombra recoberto de salgueirais

E embalado p´ los sonhos relembrei

As longínquas saudades ancestrais.

O som das claras águas a deslizar,

Que junto dos meus pés cantarolaram,

Fizeram dentro da alma despertar

Certas mágoas que lá se instalaram.

Ao Côa amigo, porém, eu proclamei

Que as ditas mágoas juntas com meus ais

Fossem, naquelas águas que agitei,

Até ao Douro, e que não voltassem mais.

E as minhas emoções a borbulhar

Pouco a pouco senti que m´ inundaram

A sede interminável de reorganizar

A fonte dos meus sonhos que finaram.

Ó Côa apaixonado, com ténue voz

Diz-me, até quando esta paixão entre nós?

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 09/08/2016
Reeditado em 09/08/2016
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