O CÔA AMIGO
Junto às margens do Côa me assentei
À sombra recoberto de salgueirais
E embalado p´ los sonhos relembrei
As longínquas saudades ancestrais.
O som das claras águas a deslizar,
Que junto dos meus pés cantarolaram,
Fizeram dentro da alma despertar
Certas mágoas que lá se instalaram.
Ao Côa amigo, porém, eu proclamei
Que as ditas mágoas juntas com meus ais
Fossem, naquelas águas que agitei,
Até ao Douro, e que não voltassem mais.
E as minhas emoções a borbulhar
Pouco a pouco senti que m´ inundaram
A sede interminável de reorganizar
A fonte dos meus sonhos que finaram.
Ó Côa apaixonado, com ténue voz
Diz-me, até quando esta paixão entre nós?
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA