Já longe bate as asas destemido
Já longe bate as asas destemido,
presume conhecer toda a artimanha,
voeja rente ao mar e, lesto, apanha
um peixe que lhe salta oferecido.
O entorno ainda é farto e conhecido;
ingênuo, subestima sua façanha.
Abrigos são profusos, não se acanha
e não julga mister ser precavido.
Mas como não previsse a tempestade
e as águas a subirem tão de chofre,
percebe que é impotente à liberdade.
De cima a exaustão rápido medra;
recorda o ninho firme como um cofre,
e o mar sequer lhe dá o favor da pedra...