Soneto de lamento

Lamento mas não posso fazer nada

se nada o soneto quer comigo

nada lhe fiz pra dar-me esse castigo

sou seu parceiro e não mereço chicotada.

Diz que meu versar não está com nada

que não sei de nada, que não me ligo

e, sem rima e sem nada ele corre perigo

de, por nada, ser motivo de piada.

Não nasceste pra Poeta, disse;

tu rimas Joana com Berenice

e na métrica és descompassado.

E agora, José, pergunto eu:

Paro de fazer versos? Agora deu!

Como vou arrumar outro legado?

Josérobertopalácio

ETIOPATOGENIA DO SONETO

Junta-se uma porção de saudade,

Acrescenta-se goles de cachaça,

Um pouco de alegria ou de graça,

E ter também tristeza a vontade.

A solidão presente de verdade,

Pega-se a angustia que aqui passa,

Inspiração não pode é ser escassa,

De resto, passa longe a crueldade.

Uma paixão havida e encerrada,

Um fim de noite ou de madrugada,

Juntando tudo isto é que prometo.

Tem que contar com grande emoção,

E estesia de pegar com a mão,

Etiopatogenia do soneto...

Fernando Cunha Lima.

Para o amigo e grande poeta Palacio.

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 05/08/2016
Reeditado em 25/11/2019
Código do texto: T5719456
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