Soneto de lamento
Lamento mas não posso fazer nada
se nada o soneto quer comigo
nada lhe fiz pra dar-me esse castigo
sou seu parceiro e não mereço chicotada.
Diz que meu versar não está com nada
que não sei de nada, que não me ligo
e, sem rima e sem nada ele corre perigo
de, por nada, ser motivo de piada.
Não nasceste pra Poeta, disse;
tu rimas Joana com Berenice
e na métrica és descompassado.
E agora, José, pergunto eu:
Paro de fazer versos? Agora deu!
Como vou arrumar outro legado?
Josérobertopalácio
ETIOPATOGENIA DO SONETO
Junta-se uma porção de saudade,
Acrescenta-se goles de cachaça,
Um pouco de alegria ou de graça,
E ter também tristeza a vontade.
A solidão presente de verdade,
Pega-se a angustia que aqui passa,
Inspiração não pode é ser escassa,
De resto, passa longe a crueldade.
Uma paixão havida e encerrada,
Um fim de noite ou de madrugada,
Juntando tudo isto é que prometo.
Tem que contar com grande emoção,
E estesia de pegar com a mão,
Etiopatogenia do soneto...
Fernando Cunha Lima.
Para o amigo e grande poeta Palacio.