OUTRORA

OUTRORA

A saudade é a perda do presente

Para um passado tido como ledo.

Pena não ter sabido desde cedo

Que bens se tornam males tão-somente.

Pareço-me um vilão que se ressente

Ou ignora os paradoxos d’esse enredo

Feito de solidão e mesmo medo,

Sempre a burburinhar dentro da mente.

Viver a reviver hora passada

Por lhe buscar sentidos para o olvido

E mesmo embelezar o nunca havido.

Assim, o enfado próximo do nada,

Faz-me perder os dias relembrando

E a dor revisitar de quando em quando.

Belo Horizonte – 06 04 2007