O RETRATO
Ao pintor Murilo Santos Almeida
A imagem, à parede, emoldurada,
Não representava um quadro qualquer;
Era mais que um retrato de mulher;
Quem sabe uma mentira congelada.
A Monalisa que em pose, focada;
Debochava desse amor de nós dois,
Não temia o que viesse depois,
Que a verdade me fosse revelada.
O pálido instantâneo da maldade,
É a prova de que não há mais saudade
Só o recorte de um tempo, latente.
E se foram falsos todos os beijos
Assim como as promessas e desejos
Não há filhos, contraprovas da gente.