AO CONTEMPLAR AS VAGAS
Vaga, ó vaga! Incansável vaga...
Debruças incessante nestas praias
E apagas tantas vezes as pegadas
Nos lábios teus da areia em que te espraias.
Não deixas lá sequer uma memória,
Nem sofres com lembranças do passado,
Não marcas nem o tempo, nem a história...
De nada te recordas do teu fado.
E fazes a poesia, não a escreve.
E nada te carece na labuta:
Não falas, e também nada escuta,
Mas tanto diz ao vate que perscruta
Os versos teus tão puros e tão breves
Que fazes balbuciar na tua luta.