A LAVAGEM DA COVA

O dia frio traz luz

Mostrando esta água que escorre

Para o mundo que a conduz,

Ébrio, bêbado, de porre.

Água sobre a timidez

Deste solo mudo e pálido,

Quebrando–lhe a frigidez

– Ó, líquido santo e válido!

Recanto do morto, enfim

Só sete palmos: o fim

Dentro do caixão fatal!

E a água fluída em chão basal

Fica dura e vira sal

Sobre o corpo, ex–ser mortal.

Salvador, 2006.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 19/07/2016
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