A LAVAGEM DA COVA
O dia frio traz luz
Mostrando esta água que escorre
Para o mundo que a conduz,
Ébrio, bêbado, de porre.
Água sobre a timidez
Deste solo mudo e pálido,
Quebrando–lhe a frigidez
– Ó, líquido santo e válido!
Recanto do morto, enfim
Só sete palmos: o fim
Dentro do caixão fatal!
E a água fluída em chão basal
Fica dura e vira sal
Sobre o corpo, ex–ser mortal.
Salvador, 2006.