Saudade traiçoeira
Saudades, longas saudades, o que me queres
se não podes desenterrar de minh’amada
os beijos nem fazer com que meu peito
volte a arfar de encontro ao seio dela?
Que me queres se me dano a chorar
a desventura com todas as dores
que Deus me deu por direito chorar?
Se na minha lira dobram sinos de agonia
desses versos que eram todo meu sonhar,
desfazem-se agora em tristes pesadelos.
Nem ungir-me a boca poderia o tempo
ou fechar meus braços dessa cruz farpada,
atraiçoado que fui por teus punhais, Saudade!