DIVIDIDO POR ZERO

DIVIDIDO POR ZERO

Não contado entre os reais, eu não pertenço.

Se existo é porque alguém errou... E feio!

Não há porque negar: Não sou fim, meio

E muito menos princípio... Sou pretenso.

Ser? Inexisto, logo, nada penso.

Estou no lugar d’algo melhor, creio;

Senão, ao verdadeiro estou alheio,

Mesmo sendo à loucura tão propenso.

Estes meus dias são de soledade...

Sou a impossível resposta à pergunta

Feita a mais absoluta nulidade.

Erro infeliz, meu vazio ajunta

Vazios d'uma estrela enfim defunta,

Sem que seja sequer outra verdade.

Betim – 20 06 2006