DOR RUPESTRE
Quantas maravilhas eu escavei na Terra!
Rios, cachoeiras, as flores e o mar...
Pelas frestas dos cânions eu desbravei florestas
Donde pude espiar a intimidade do luar.
Eu escavei da relva até a linha do horizonte
Estrelas cravejadas no céu pude tocar...
Também enveredei pela noite tão brilhante
E o pio da coruja escutei a me alertar.
E eis que, de repente, na devastada Terra
Em triste arqueologia eu pude versejar
Ao fundo do oceano, mares mortos pela guerra
Corpos do firmamento... todos eles a boiar.
Ao vão das almas frias registrei minha agonia
Qual rocha empedernida por dor rupestre a chorar.