A CIGARRA
Que digo e enfim por certo da cigarra
Que agora me interrompe o pensamento?
Que a história que o seu canto rude narra
É a sua história e não qualquer lamento.
Que sei da vida anterior à algazarra,
Já por bem pouco a desafiar o vento?
Direi que pênsil fruto estranho à garra
Do tempo foi, num sonho muito lento.
Verei na queda o dom mais providente
Mudando as estações de ledo afeto
Em vida, assim digamos, conseqüente.
Que mais dizer, enfim? É bom saber-me
Semelhante e apenas nisso ao inseto
Que só canta se deixa de ser verme.
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Que digo e enfim por certo da cigarra
Que agora me interrompe o pensamento?
Que a história que o seu canto rude narra
É a sua história e não qualquer lamento.
Que sei da vida anterior à algazarra,
Já por bem pouco a desafiar o vento?
Direi que pênsil fruto estranho à garra
Do tempo foi, num sonho muito lento.
Verei na queda o dom mais providente
Mudando as estações de ledo afeto
Em vida, assim digamos, conseqüente.
Que mais dizer, enfim? É bom saber-me
Semelhante e apenas nisso ao inseto
Que só canta se deixa de ser verme.
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