A VIDA QUE PASSA
A VIDA QUE PASSA
Acordo. Outra manhã de estranhamento...
Já não me reconheço n’este velho,
Que me encara patético no espelho.
Como um desconhecido desatento.
-- "A quantas anda tanto desalento
Ante o sistema e seu vasto aparelho?" --
Eu me pergunto sem outro conselho
Senão algum gorjeio vindo no vento.
Não há dúvidas mais de que fracasso.
Nu e só, me recordo do erro crasso
De sempre lutar contra redemoinhos.
Ainda assim, me orgulha ter vivido.
Ao que respondo a mim e aos passarinhos:
-- "Este velho sou eu! Quem tenho sido..."
Contagem - 02 12 2005