ARRUAÇA
ARRUAÇA
Começa, a bem dizer, por puro tédio.
Quando a gente s'encontra e engana a morte,
Até por não morrer, fica mais forte
Diante d'alguma angústia sem remédio.
Tínhamos algo de louco, olhos de assédio;
Certo gosto em jogar co'a própria sorte.
Talvez porque a folia nos conforte
Ou só por não querer ficar no médio.
E tome esculachada, dedo em riste,
Tapa na cara, sangue a arder na veia...
Enquanto a plebe em roda se incendeia.
Quando a gente s'esquece de ser triste
E sente o corpo doer por ter que existe,
Deixa mais que pegadas sobre a areia.
Belo Horizonte – 02 07 2016