SONETO MODERNO
Quando um homem apanha tijolos
e com eles estende a sólida parede,
o que será que tinha nos miolos
para cercar a água da pura sede?
Quando uma mulher estende no varal o tempo
a pô-lo à secura do sol ardente de um Dezembro,
o que será que tinha dentro da alma do vento
que não a avisou das tempestades de todo momento?
Quando vão os dois, de mãos dadas,
a caminharem, risonhos, pela estrada,
saberão da guia de um deus da sorte?
Ou serão contas do colar do gigante
que move nuvens e grita à chuva, vá!,
enquanto o universo, pião, gira no barbante?