SONETO ANTIGO

Foste tu que, do soneto antigo,

trouxeste marés altas e os mais altos instintos;

nos lábios um poema de afago pressinto

como se, enfim, a saída mostrasse, do labirinto...

Aos pés de Pessoa, como quem o sino do tempo soasse,

recitava o nome de tua paixão e amor desvairado

varando nuvens de titânio; com flores do chão úmido já entoasse

o cântico virginal sem a cupidez do já anunciado pecado...

Tímida como convém à pele do primeiro amante,

recatada por guardar do olhos do sol a palidez,

fizeste-te amada desde o primeiro instante...

E o mundo, o que faz, quando de te receber?

Anuncia aos quatro cantos que nasceu o Amor

para devolver o que o frio silêncio espera receber...