CORAÇÃO TRAIÇOEIRO
Já havia decidido não sofrer
Por esse amor que me pesava tanto.
Eis me outra vez a derramar o pranto
Só de lembrá-lo, de querê-lo ver.
E até pensava em não mais querer
Saber por onde vai ou vem e, no entanto,
Eis me de novo a soluçar meu canto
na revolta absurda do não ter.
Vejo por isso que não basta apenas
Dizer que já não sofro, se as penas
De amor as tenho por inteiro.
E canto e sofro, escrevo e desespero
Por esse amor, que nunca mais espero.
Ah!meu pobre coração tão traiçoeiro!