REALEZA

Inconsolado, o mar por ti pranteia

Por solitário, seu bulício cessa

As águas bailam sem furor, sem pressa

Tu és saudade a consumir, sereia

Perde a beleza aquela fina areia

Sem a escultura tua nela impressa

A branda vaga ao não te ver regressa

E tudo ali por teu dulçor anseia

Como a paisagem terá cor e vida

Se falta a musa, toda realeza

Das curvas gráceis enfeitando a cena?

Mais uma noite cai sutil, serena

Despedaçado, o mar é só tristeza

Não te abraçou... Que sina dolorida!