A MORTE DO ANTICRISTO
Dórmito; o gigante civilizado alcança os céus.
Regorjeia a saga insólita, em tons de mel.
Verga-se, contorce-se, despe seus véus.
Vermes corroem seu corpo; sumo cruel.
Viris venenos da carne; traição nunca vivida,
Lânguidas sombras masculinas d'um bordel.
Engasga ao subir. Seus nervos sem vida
Franzem a pele escura e cravejada
De virtude negada e fulgor fingido,
Insípida de gozo; desperdiçada.
A lança inocula a chaga imaculada.
Ri de ti, alma depravada e senil.
Mágoas sensatas, deram-te o céu,
Deram-te Nada. Você não existiu.
Hernâni Arriscado - A Morte do Anticristo.