POST MORTEM [Raul de Leoni, psicografado por Chico Xavier]

Depois da morte, tudo aqui subsiste,

Neste Além que sonhamos, que entrevemos,

Quando a nossa alma chora nos extremos

Dessa dor que no mundo nos assiste.

Doce consolação, porém, existe

Aos amargosos prantos que vertemos,

Do conforto celeste os bens supremos

Ao coração desalentado e triste.

Também existe aqui a austera pena

À consciência infeliz que se condena,

Por qualquer erro ou falta cometida;

E a Morte continua eliminando

A influência do mal, torvo e nefando,

Para que brilhe a Perfeição da Vida.

Raul de Leoni.

"Depois da morte, tudo aqui subsiste"

A vida segue! Segue o bem e o mal,

segue a rotina em seu doído trivial

e nessas alternãncias tudo consiste.

Em viver todo e qualquer ser insiste,

embora seja o Além coisa real

existe o outro lado, o espiritual...

Só não se sabe se é alegre ou triste.

O outro lado inda é regime inexplicado

e ao alcança-lo ninguém sabe o fado...

Avaliar não posso se nada sei!

Mas vejo na caridade a solução

e aguardo respostas a uma questão:

O vassalo daqui, lá será rei?

Josérobertopalácio

"Neste Além que sonhamos, que entrevemos"

com a visão oriunda da matéria,

guiada às vezes por mente deletéria,

só causa mal ao mundo que vivemos

Nos resta a esperança de que no Além teremos

o que na terra, conquistar é coisa séria,

a Paz da Alma, pois, na ambição da féria

aqui nos consumimos e nos perdemos.

A morte haverá de ser o caminho

eu acho, embora não seja advinho,

que descarta-se a metéria e segue a lida.

É muito certo que lá se acerte as contas

aparem-se as arestas, se cortem as pontas

tentando salvar a Alma pra outra vida.

Josérobertopalácio

"Quando a nossa Alma chora nos extremos"

é sinal que aqui não fomos bem

que não nos preparamos para o Além;

Para justificar os erros, o que diremos?

Felizes daqueles que terão o Amém!

A Biblia era o caminho e nós não lemos

e do pós morte nós esquecemos

correndo em vida atrás até do que já se tem.

Pequeno é o tempo da gente existir

E o choro certamente haverá de vir

para quem a Lei Divina não cumpriu.

A vida é nada frente a eternidade

muitos se dão conta dessa verdade

no sofrimento d'Alma que não evoluiu.

Josérobertopalácio

"Dessa dor que no mundo nos assiste"

e que quer nos ver sofrer intensamente

nunca aceite , meu amor, fique ausente;

Veja a vontade de te amar que em mim persiste.

Para isso é que o amor existe

e te amar é o que passa em minha mente

pois enxergo bem na frente que minha lente

e sei que assim também tu me anteviste.

Pedir um tempo a dor não é demais

até que ela entenda o mal que faz

pois não é mais forte que o sorrir.

Respire amor, bondade e carinho

que haverá de ser feliz o nosso ninho

e envergonhada a dor há de fugir.

Josérobertopalácio

"Doce consolação, porém, existe"

no pós morte, lá onde chamam Céu?

E o inferno, qual é dele o papel?

Será que um é alegre, o outro é triste?

Por que, Deus, por que tu repartiste

em lados bons e maus tua criação?

Por que nos deixaste em solidão

vendo o mal surrando o bem? Desiste!

Quando morrerem todos terão anistia

para viverem num mundo novo sem maltratos?

A vida aqui é só mesmo fantasia!

Teus filhos, por aqui sofrem tanto,

e não vens para enxugar-lhes o pranto!

Por que lavas a mão feito Pilatos?

Josérobertopalácio.

"Aos amargosos prantos que vertemos",

parte de um mundo sempre condenado,

nos alfarrabos está tudo bem contado

é só voltar as folhas que entenderemos

Adão e Eva pecando logo veremos

Caim matando Abel, um começo errado

Sodoma e Gamorra, quanto pecado!

E o barco continua a seguir sem remos.

Tinha que ser assim, estava escrito?

Por que Deus enfim não deste um grito:

Vou dar um basta nisso pecadores?

Mas desixaste seguir o teu projeto

e hoje vês, Arquiteto do Universo,

o mundo ser essa fonte de horrores,

Josérobertopalácio

"Do conforto celeste o bem supremo"

Da vida no meu País o desmantelo

quem governa nada faz para vê-lo

no rumo certo, parece até obra do demo.

A coisa já chegou bem ao extremo

fosse macaco o povo estaria sem pelo

vive sempre num eterno pesadelo

e só de ver tal filme eu tremo.

Diz o ditado: "O amanhã pertence a Deus!"

Mas nosso futuro pintado em tantos breus

e mais furado que um queijo suísso?

Em recorrência seguem os homens maus

que teimam em ferir os princípios seus

sem, com vossas leis, terem compromisso.

Josérobertopalácio

"Ao coração desalentado e triste"

a pulsar em amargosos tic taques

do amor tendo apanhado tantos baques

que só Deus sabe como ele resiste..

Não consegue achar, das flores, a pista

em sofrer desilusões é craque

até já se imaginou de fraque

mas não chegou a desfilar na pista.

Te agita, coração, procura a moça

não te aparente fraco como louça

ouvir um não, não traz nenhum perigo.

O importante é não sair de cena

tenta a Sandra, a Vera, ou a Lena,

é normal se começar sendo amigo.

Josérobertopalácio

"Também existe aqui a austera pena"

A que só manda os probres pra cadeia

por isso, vê-se que a coisa anda feia...

Quer ver? Então pergunte pro Datena.

Todo dia nos jornais uma feia cena

Trombadinhas, hoje, já não dão plateia

Pior é que aqui na nossa aldeia

políticos corruptos ninguém condena.

A bandalheira é grande no Congresso

quebraram o Brasil e não puseram gesso

e nós, o povo, cuidaremos da sequela.

É tanta safadeza que de se ver dá dó

meu medo é que resulte no pior

e finde com está na Venezuela.

Josérobertopalácio

"À consciência infeliz que se condena"

como condena, à dor, a alma do poeta

que tem como conforto a caneta

pra pintar a poesia e a por em cena.

Se liga aos céus qual fosse uma antena

e mesmo vazio, sem letras, ele tenta

a dor que traz consigo é que fomenta

o verso, que flui pela mão e sai na pena.

E quase que como fosse uma sentença

imposta pra vir consigo de nascença

ele canta a vida para o mundo.

Dizem que poesia é loucura

feita de arranjo e descompostura

que só mesmo um poeta faz fecundo.

Josérobertopalácio

"Por qualquer erro ou falta cometida"

aqui na terra, o comum vivente

qua não cansa de ser inconsequente

vai sofrendo castigos durante a vida

E o dia chegará, da despedida

e não cabe mais pedir arrego.

Não lembra na mão de Jesus o prego?

Foi por ti aquela morte sofrida!

Mas saibas que inda é tempo de mudar

segue a bíblia, te arrepende e chagas lá

podes, sim, achar o caminho da salvação.

Procura imediatamente um pastor

ele sabe acabar com a tua dor

mas para isso leva o dízimo na mão.

Josérobertopalácio

"E a Morte continua eliminando"

mas não dá conta de acabar com o mal

Eu não comparo o homem nem com o animal

O animal é fácil se ir domando.

As maldades do homem se eu for botando

em versos, em poemas e coisa e tal

ou se for converter todas em arsenal

e usar em guerra mundial, dá um bando.

E a morte continua eliminando

e não sei é onde estão armazenando

esses montes de espiritos malinos?

O corpo apoderce aqui no chão

seja de papa de bispo ou de ladrão.

É muita dor de cabeça pro Divino!

Josérobertopalácio

"A influência do mal, torvo e nefando,"

que no meu Brasil da audiência

já nem tira mais da gente a paciência

nós já estamos até gostando.

É neném ver-se alguém furtando

quase necessidade num país sem tenência

e mais feio, eu diria, indecência

é ver a politicada roubando.

A influência do mal vai se infiltrando

a educação e saúde vão matando

a pau em maldito descaramento.

E quando prendem um é notório:

"Eu não tenho culpa no cartório"

E com foro escapa do condenamento.

Josérobertopalácio

"Para que brilhe a Perfeição da Vida"

para que tudo termine muito bem

para que se viaje feliz para o além

para que não tenha-se lá a alma sentida.

Para que se saiba o bom caminho da ida

para que se entenda que aqui somos ninguém

para que se esteja pronto pra embarcar nesse trem

para que se saiba que a morte não é despedida,

Para que se descubra que alma não tem bagagem

para que se ache o rumo certo da viajem

para que lá, de nada seremos refém

Para poder andar em paz na nova avenida

para tudo isso, mais do que peso e medida,

O caminho é amor e caridade... Amém!

Joserobertopalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 25/06/2016
Reeditado em 25/06/2016
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