CULTO À SAUDADE

No quarto, ficou tudo abandonado:

Suas roupas, alguns outros objetos...

Sonhos... Planos... Nossos desejos secretos

E até um retrato amarelado...

No criado, aquele livro empoado...

Na cama, nossos lençóis prediletos,

Que, mesmo distantes dos seus afetos,

Mantêm seu perfume impregnado...

E assim, ficou tudo inalterado,

Perdido nas lembranças do passado,

Num ar mortiço que a tudo invade...

Ninguém pode entrar sem meu comando;

Só eu entro ali, de vez em quando,

Para prestar meu culto à saudade...

Jorge de Oliveira
Enviado por Jorge de Oliveira em 24/06/2016
Reeditado em 24/06/2016
Código do texto: T5676980
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