DEGREDO

Tu nem me olhavas, como eu poderia

falar da imensidão do sentimento,

encher teu coração de poesia,

deixar do meu gritar o alumbramento?

Eu, preso no recato - uma agonia -,

De ti fiz, solitário, meu sustento.

Recôndita paixão me consumia,

queimava-me, em assédio violento.

Enclausurei uns versos rabiscados

na escuridão do meu flagelo, o medo,

refúgio de sorrisos sufocados.

Liberto-me ao contar este segredo:

iluminaste oníricos passados!

Em mim não cabe mais qualquer degredo...