Soneto com mote de Alberto Caeiro
- Guardador de rebanhos na beira da estrada
Este vento que passa, o que é que te fala?
- Que passou, passa e passará, isso ele fala
Quanto a ti, me diz: o que diz essa lufada?
Esse vento que passa muito mais me diz:
Se muito há de chover para os lados de cá
E da invernada quanto tempo há de durar
Também me diz do tempo todos os perfis
Me traz também o cheiro de vida ou de morte
O cheiro das campinas: de pasto e de flores
Também o odor de vida morta, carnes podres
Do segredo da natureza um só recorte.
Tu não ouves o vento que te salva o ganho,
Bem disseste outrora "nunca guardei rebanhos"