CÂNTICO DE ANJOS
 

Quando em reveses da vida, meu canto
Despertar em mim, um barulho de sinos,
Haverei de cobrir-me de noite e de manto
Como envolto em astros e véus hialinos.
 
Haverei, entre versos, de rima e palavra
Suplicar aos deuses, vitrificado escudo;
Que luta entre anjos em mim já se trava,
Amortalhando segredo e silêncio em tudo
 
Sou poeira do chão, me perco nos passos;
Num vendaval perpetuo em total desalinho;
Espalhando incertezas por todo caminho

E em cânticos frios, estenderei os braços
Onde pardais se entrelaçam em alvoroço,
Cantando o meu verso num triste esboço!