SER POETA
 
Quero ser o lume oriundo das estrelas,
Ser tom e canto da melodiosa cotovia;
Alcançar claridades e depois perde-las,
Ser o verso em silêncio... Ser poesia...
 
Ter a alma indubitável, assim, completa;
Ser o canto que se espalha sem pudor.
Do universo, a luminosidade do poeta
E do verso, a plenitude de um condor...
 
Ser tempo, ter o vento ao meu favor;
Renunciar-me serena, se preciso for...
Ser silente, vazia, a dor abandonada;
 
Ser ao mesmo tempo, vento e verso;
Ser um sonho acalentado ao inverso;
Ser silêncio, reticências e mais nada.