Soneto de um morador de rua

Não sabes minha história, mas me julgas!

Não sabes quem eu sou, mas me condenas!

Só vês os meus piolhos, minha pulgas,

Mas, não meus sofrimentos, minhas penas!

Enxergas a exclusão, mas não divulgas;

Só tens indiferença aos meus problemas.

Não vês que em minhas dolorosas rugas,

Existem dores, dores as centenas...

Meu leito é esse chão tão triste e frio;

A rua tão cruel, esse é o meu lar;

Meu teto é o céu distante e tão vazio.

...lembra-te apenas, ao me reprovar,

Que tenho do meu lado o mundo hostil,

Ninguém para sorrir, ou me abraçar...!

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 16/06/2016
Reeditado em 16/06/2016
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