DE MODO TÁCITO

DE MODO TÁCITO

Se d'um fôlego só se escreve o poema,

É por força de muito transpirar.

Quando, às lentes do poeta, luz o olhar

Mais novo sobre o mais velho problema.

Há-que se valer d'algum estratagema

Quem se mete com rimas a trovar.

Pois, para o inusitado ter lugar,

Explora a linguagem de forma extrema.

Atento todo o tempo ao que ouve e fala,

-- Mas sobretudo àquilo que se cala --

O poeta deixa implícito o que quer.

Fecha-se tão hermético que, enfim,

A depender do gesto, não é sim...

Para só o iniciado compreender.

Betim - 07 11 2005