Poesia e purificação
A poesia é dois braços abertos
De encontro a um abraço infinito
Palavras que vão do silêncio ao grito
Multidão que irá povoar meu coração deserto.
Ora, carências, nada mais são que rumores
Quando ela, a poesia, suplanta todo o pesar
De quem a vida inteira, nada mais que esperar
Num longo vazio, fez por doce amores
Mas quem dera toda a pedra dura entre caminhos frágeis
Das pessoas boas, sofridas pela vida ingrata
Migrasse para um poema em purificação
É sabido: nem todo poema é somente abraços
Às vezes é-nos um desenho de curtos passos
De alguém em longa estrada sem sequer direção.