APELO
Ancora neste cais ha muito só,
Nesse mar de saudade torturante,
Onde abeira este velho navegante
Com a voz embargada por um nó.
Esqueça essa aventura extravagante,
Que tem muito de contra, nada pró,
Não venha por piedade nem por dó,
Mas pelo amor que espera confiante.
Entre uma brisa fria e um aconchego...
Melhor seguir o norte até o porto;
"A ver navios" é mui desassossego!
Aqui, em segurança e com conforto,
A salvo estarás com o seu galego,
Que por demais amar-te... vive morto.