A infância perene
Calvários foram muitos, bem me lembro,
e os ombros já não doem pela cruz;
larguei-a quando enfim cheguei à Luz —
a luz que sou e a Luz da qual sou membro.
Malgrado os verdes prados, os desertos
andei, à revelia das correntes
e ardis. Talvez buscasse a morte. Sentes
tu o peso que declina homens libertos?
Vulgar tornou-se o corpo, e as mãos avaras;
mas não via na carne a confiança
que em teus olhos fulgia — vastas searas.
Santíssima, a alma sinto que ora amansa.
Que em teu colo materno tu me amparas,
e, eterno, então renasço outra criança.