VELHICE
“Eu me chamo velhice e vim para ficar”.
Miguel Russowski.
- “Eu me chamo velhice e vim para ficar”,
na pretensão de ser a derradeira amada,
ela me diz esquiva e curva, atrapalhada.
E é fria... Fria e triste. E que feioso esgar!
Respondo simplesmente – após o centenário
Podes voltar, e a porta eu te abrirei, senhora...
Mas, chegues leve e branda, igual à luz da aurora,
sem dar-me a pressentir que vens ao funerário.
E eu te receberei, mulher enamorada,
comigo cantarás a última alvorada
do ano cento e um, de moço e visionário.
Depois, uma vez mais viúva, irás buscar
um outro idoso assim, que aceite te amparar
da infernal solidão de véu e escapulário.
Salvador, manhã de 15-07-07.