Eu(s)
Oh, vós... insidiosa criatura...
Que emerge dos abismos de minh'alma.
Que traz a ira, onde habitava a calma.
Não sendo eu, faz de mim caricatura!
Que maneja meus lábios, qual adagas.
Degolando o que humano me restasse.
Pária de mim! Do Egito, as sete pragas!
Colchão de ódios, em que me aconchegasse.
Que faço ante tão desprezível sanha?
Que faz do dia a dia, vil façanha!
Que faço pra por fim a tal martírio?
Ante o espelho, te encaro em destemor.
Firmo olhares... inútil desafio!
Como enganam as questões de ódio e amor!