AO CAFÉ
AO CAFÉ
Há quem finja não ver que está de pé
Sobre chão movediço e sob estrelas...
Anda como se nunca fosse às belas,
Ou visto um mal-de-amor de boa-fé.
Julgando que todo homem culpado é,
Não se comove com alheias mazelas,
Antes passa bem longe e arisco d'elas
Enquanto à rua vai rumo ao café.
Chega sozinho e senta junto à mesa;
Pede seu expresso, abre seu jornal
E faz seu desjejum habitual.
Escreve n'um caderno, olha a despesa
E abala sem dizer palavra a alguém,
No mais grave silêncio que convém.
Belo Horizonte - 03 06 2016