DIVINA ARTE
A tarde ensina a gente que é preciso
Olhar o que acontece pelo ocaso,
Que a tela que o sol pinta por acaso
Não é mera visão à la Narciso.
Com as furtivas cores desse arraso...
Bailando em nosso olhar de sobreaviso,
Tanta beleza assim, e de improviso...
É pena que ela tenha pouco prazo.
Os montes aureolados a fios de ouro
Dão-nos a dimensão da divina arte;
O Sol premia a gente, morredouro.
Ó Deus, agradecido por ser parte,
Queria coroar-Te, pois, com louros,
Mas toda tarde hei de vir louvar-Te.