CÁRCERE D'ALMA
Do cárcere a visão estreita tenho
D’um raio solitário que o sol tange.
Exilado na alcova então eu venho
Debulhar-me no pranto que me frange.
No degredo da pena então cabida,
Noite eterna que sol algum encerra,
Eis que entrego minh’alma tão sofrida
Enlutando-me do mal que me aferra.
Eis-me entregue ao brilho tão ofuscado,
Transformado numa senda de negrura,
Galardão incruento e pavoroso.
Quem me dera do brilho ensolarado,
Em mil raios rever toda ternura
Que outrora me fazia venturoso.
(EDUARDO MARQUES 05/02/15)