Chora-me, Tarde! (rima cruzada)
Chora-me, Tarde!
(rima cruzada)
Aquela tarde chorosa, bruma espessa,
que sendo avessa, gotejou desgostosa,
talvez furiosa, por não ter tido promessa,
de felicidade confessa; ei-la chorosa!
Chorou de desdita, ao fastio amoroso
do homem invejoso, que só acredita
- vaidade maldita - no "todo-poderoso"
ouro, bem valioso, chão ou fato catita.
Chora Tarde! Caridade! Chora-me Tarde!
Já não arde, no meu coração, a amizade
que matei - loucura insana, avareza.
De tanta pobreza, de alguma ternura,
dei-te, secura, doce amiga, tristeza
em permuta de bondade. Chora-me, Tarde!
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