NADA A VER

NADA A VER

Não há como negar que nada há mais.

Passados todo o amor e toda a dor,

O que sinto é uma espécie de pudor

Em vista de teus olhos sempre iguais.

D'aqueles sentimentos, ademais,

Hoje mal sinto algum antigo ardor.

De facto, há só cansaço onde o amador

Antes lograva ver tão bons sinais...

Há amores que não se deve amar

Assim como a luz não mais têm lugar

Quando o sono te prostra das fadigas.

E este tédio vadio é quanto sobra...

Mesmo porque, o amanhã sempre nos cobra

Ver novas esperanças sobre antigas.

Betim - 25 05 2016