CAVALHEIRO EM SEGUNDA DECADÊNCIA

CAVALHEIRO EM SEGUNDA DECADÊNCIA

D'entre os famosos ditos de Pombal,

A caricatura há d'um desvalido

Que -- déspota sim, mas esclarecido! --

Perde com seus ideais o ardor jovial.

Banhado à ouro, elevara Portugal

A patamar nunca antes conhecido

No Teatro das Nações, com atrevido

Orgulho fátuo face a hora triunfal.

A imagem que esboçara, todavia,

Fosse cínica e vã alegoria

Povoou as mentes nobres, a saber:

Mais realista que o rei, soubera ser

Ele próprio, aos requintes da opulência,

Cavalheiro em segunda decadência.

Betim – 12 10 2005