PRA ONDE EU VOU (soneto)

Pra onde eu vou, pai, quem me leva

Se estou trilhando a mesma rua tua

Aqui na solidão da noite de gorda lua

Em uivos no cerrado de gosto de treva

Tão triste ver está queixa malévola

Que seca a minha alma e a põe nua

Tão sem crença e jogada na comua

Com gemidos que no peito degola

Que sorte sombria que me acaricia

Tão indiferente ao tormento meu

Sem pesar, e magoar intenção teria?

Seria um tão desafeto, que na fé valeu?

E agora neste breu eu me encontraria

Não, Deus não me daria este apogeu

(Ele é justo, bom, é Pai, e não haveria.)

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado

02'20", 23/05/2016 – Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 23/05/2016
Reeditado em 03/11/2019
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