Poe(ma)Cho

E voltava às cinco horas da manhã; aquilo já era rotina,

Monologando coisas imperceptíveis, se jogava na cama,

Um bafo desgraçado, que se percebia da outra esquina,

Aquele sujeito era um tipo bonito, porém vivia na lama.

E faiscavam as pedras das ruas sob um sol do meio dia,

Levantava-se; ia tomar seu café da manhã naquele bar,

Um gole de bebida, um trago no cigarro, tanta ousadia,

Cantava de galo, era o maioral, metido ao rei do bilhar.

No seu carro um som alto, o funk era a sua preferência,

Ele o parodiava com um vocabulário obsceno e imundo,

Cantarolava aos berros como se fosse o dono do mundo.

Babava bebidas, desrespeitava, com irrestrita demência,

Não tinha ninguém, será que alguém assim tem coração?

Batia no peito: sou ‘macho’ a zoar rapazinhos de papelão.

Uberlândia MG

Soneto infiel – sem métrica

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Raquel Ordones
Enviado por Raquel Ordones em 21/05/2016
Código do texto: T5642636
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