Poe(ma)Cho
E voltava às cinco horas da manhã; aquilo já era rotina,
Monologando coisas imperceptíveis, se jogava na cama,
Um bafo desgraçado, que se percebia da outra esquina,
Aquele sujeito era um tipo bonito, porém vivia na lama.
E faiscavam as pedras das ruas sob um sol do meio dia,
Levantava-se; ia tomar seu café da manhã naquele bar,
Um gole de bebida, um trago no cigarro, tanta ousadia,
Cantava de galo, era o maioral, metido ao rei do bilhar.
No seu carro um som alto, o funk era a sua preferência,
Ele o parodiava com um vocabulário obsceno e imundo,
Cantarolava aos berros como se fosse o dono do mundo.
Babava bebidas, desrespeitava, com irrestrita demência,
Não tinha ninguém, será que alguém assim tem coração?
Batia no peito: sou ‘macho’ a zoar rapazinhos de papelão.
Uberlândia MG
Soneto infiel – sem métrica
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