EPIFANIA
O deus que Antero viu ou ver supôs
Não foi mais que o reflexo vil, sem voz
Daquele vulto ambíguo que, do espelho,
Não sendo alguém, sempre ousa dar conselho.
Seu drama, estar atento ao que supunha
Ser Deus sendo outra coisa, bem traduz
O Adão que de seu pai nem traz a alcunha.
Que o tempo explique a ruína desse todo
Num só, o seqüestro extremo dessa luz
Se fraca, ali, divina de algum modo.
O deus que Antero viu, se viu o que quis,
Roubou do drama o encontro mais feliz
E a noite veio abrupta e sem rodeio
A quem da vida quis não mais que meio.
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O deus que Antero viu ou ver supôs
Não foi mais que o reflexo vil, sem voz
Daquele vulto ambíguo que, do espelho,
Não sendo alguém, sempre ousa dar conselho.
Seu drama, estar atento ao que supunha
Ser Deus sendo outra coisa, bem traduz
O Adão que de seu pai nem traz a alcunha.
Que o tempo explique a ruína desse todo
Num só, o seqüestro extremo dessa luz
Se fraca, ali, divina de algum modo.
O deus que Antero viu, se viu o que quis,
Roubou do drama o encontro mais feliz
E a noite veio abrupta e sem rodeio
A quem da vida quis não mais que meio.
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