RIO URBANO

RIO URBANO

O rio que atravessa uma cidade

Leva dos citadinos os seus suores.

Lava, assim, desde os maiores aos menores,

As mãos com indistinta humildade.

Admirável, de facto, essa igualdade

Para servir a todos, mesmo os piores.

Visto as águas servidas sem pudores

O tornarem imunda realidade.

Às margens, altos muros de concreto

Tolhem os seus meandros n’algo reto,

Seguindo às linhas vãs das avenidas.

Tão cheio de humanidade, o rio corre.

E embora nutra e sirva a tantas vidas,

Justo por estas vidas que ele morre.

Betim - 20 05 2016