Invisível
 
Me arrasto senil pelas sombras da noite
Sem sono ou ruído varo madrugadas
Impeço indeciso a cada palavra
Que me desvie o intento e me desacoite
 
Então ando lento à sombra das árvores
Em justo silêncio nas naves dos templos
Nas tardes dos campos eu inquiro ao vento
Nalgum vão lamento inútil e covarde
 
Pode um ser vivente não viver seu tempo
Sentir anacrônica a própria imagem
Decorrer improprio como uma miragem
 
Sufocado e ávido tal peixe entre as aves
Vejo-me uma peça em surreal entrave
Sem nenhuma fresca sequer de alento