UMA SEGUNDA MORTE

UMA SEGUNDA MORTE

Como se duas vezes morto, o poeta

Cujos versos todo mundo ignora...

Resta-lhe a espera, séculos afora,

D'algum leitor à sua obra completa.

De injustiças a História está repleta.

Quão caprichoso é o gosto, se outrora

O que tinha valor, hoje deplora

Quem uma obra menor faz predileta.

Morre o poeta, muito embora a poesia

Seja a mesma, ante estúpidas vaidades,

Na intenção de sentido onde jazia.

Morre a poesia, enfim, sem mais porquê.

Quando se silenciam as verdades

Na Vida e Obra que nunca ninguém lê...

Betim - 03 10 2005